BEAUVOIR,
S. O Segundo Sexo: A experiência Vivida (Primeira parte – capítulo I:
Infância, Quarta parte – capítulo I: a mulher independente, Conclusão).
São Paulo: Nova Fronteira, 1949.
"Segundo
volume do livro que examina a condição feminina em todas as suas
dimensões: a sexual, a psicológica, a social e a política. Uma proposta
de caminhos que podem levar à libertação não só das mulheres como,
sobretudo, dos homens. Complementação de uma obra que, em escala
mundial, inaugurou o debate sobre a situação da mulher." (www.simonebeauvoir.kit.net)
A
mulher sempre esteve subordinada ao homem e sempre enfrentou problemas
para buscar sua independência. A ausência, ao longo dos anos de análises
e coragem, partindo do ponto de vista, principalmente, do enfrentamento
de uma sociedade legitimada, levaram muitas mulheres a continuarem em seu status de dependentes, que para Simone de Beauvoir, “há primeiramente, bem entendido, numerosas mulheres que aceitam a própria sociedade tal qual é.”
Entretanto,
tiveram outras que lutaram contra toda desordem que bate de frente aos
valores do sistema e, além disso, tentaram rever todos os conceitos e
estudaram profundamente a concepção de mulher. Uma dessas pessoas, é a
Simone de Beauvoir, que em seu texto “ O segundo Sexo” aborda a condição
da mulher, constituindo um impulso para reflexão do que é
certo, do que é aceito, natural ou simplesmente adaptado perante a
sociedade. A autora demonstra como é imposto o destino das mulheres
perante o conhecimento de mundo, os direitos a que são submetidas e se
estão “no estado atual da educação e dos costumes”
Na primeira parte, que é a formação da mulher, começa-se com a seguinte reflexão: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Quem impõe o que é ser uma mulher é a própria sociedade, e que de tudo mais, elabora “esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”. A
característica principal da primeira parte é a da criança desenvolver
suas idéias de acordo com os princípios da nossa cultura, projetando-se,
também, pelos seus educadores. As desenvolturas das análises
filosóficas perduram por todo o texto de Simone de Beauvoir e,
involuntariamente, segue uma linha de construção teórica proposta por
filósofos e pensadores, como por exemplo: Sartre, Steke, Freud, etc. O
que deixo em destaque são as teorias freudianas, que são usadas
no texto como conservadoras e dominantes. Embora de início ele tenha
realmente feito textos nesse aspecto, logo depois, o próprio Freud reviu
suas condições, que de uma maneira ou de outra, reflete certo avanço: "Se
querem saber mais sobre a feminilidade, podeis consultar a vossa
própria experiência de vida, ou perguntar aos poetas, ou esperar que a
ciência possa nos dar informes mais profundos e mais coerentes". Há,
também, uma necessidade de se avaliar enquanto ser humano, da filosofia
existencialista, cujo conjunto de teorias é a própria existência,
entendida exclusivamente como existência humana. Não há de se prender ao
fato da diferença entre homem e mulher, e sim, da consciência que todos
são seres, em que devemos analisar o ser como existente. Ainda na
primeira parte, seguindo a tradição da sociedade ocidental, a hierarquia
dos sexos manifesta-se na menina primeiramente na experiência familiar.
E, é a partir daí, que se diferencia o seu papel ao do menino, em que
este tem todos os costumes possíveis e objeto (pênis) que o glorifica
para vislumbrar o poder e a transcendência. Um ponto que talvez tenha
passado despercebido por Simone Beauvoir foi que ela entra em questão do
discurso erótico, mas não aponta a diferenciação da pornografia e o
consumo:
Uma mulher que despende suas energias, que tem responsabilidades, que
conhece a dureza da luta contra as resistências do mundo, tem
necessidade – como o homem – não somente de satisfazer seus desejos
físicos como ainda de conhecer o relaxamento, a diversão, que oferecem
aventuras sexuais felizes. Ora, há ainda meios que essa liberdade não
lhe é concretamente reconhecida; arrisca-se, usando-a, a comprometer sua
reputação, sua carreira; no mínimo, exigem dela uma hipocrisia
que lhe pesa. Quanto mais tiver conseguido impor-se socialmente, mais
fecharão de bom grado os olhos; mas, na província principalmente, na maior parte dos casos, ela será severamente vigiada. Mesmo nas circunstâncias mais favoráveis – quando o temor da opinião não mais influi – sua situação não é neste ponto equivalente a do homem. As diferenças provêm ao mesmo tempo da tradição e dos problemas que a natureza singular do erotismo feminino coloca.
Na
quarta parte, sobre a mulher independente, Beauvoir, diz que a
distância qual separava a mulher e o homem conseguiu diminuir pela
entrada da mulher no mercado de trabalho, mas em contrapartida, a
liberdade econômica da mulher em relação ao homem não é garantia que
esta vai alcançar uma situação moral, social, psicológica idêntica ao do
homem. A mulher, além de sua nova tarefa de sair do lar e trabalhar o
dia inteiro, acaba transformando a vida numa dupla jornada, ou seja,
dobra seu “serviço”, pois quando chega em casa ela ainda cuida dos
filhos, tem que se cuidar, servir o marido, etc. O tanto quanto pesado,
há de se convir, que tanto em casa, como no local de trabalho, há uma
diferenciação ao tratamento, remuneração e prestígio social.
Ainda
hoje, há grandes desigualdades quanto à condição da mulher e que
configura como os ápices para a doutrina cada vez mais fortalecida do
feminismo. Salário mais baixo por um mesmo trabalho e qualificação,
menor acesso aos postos que implicam poder econômico e político,
subsistência da imagem da mulher-objeto no plano ideológico,
patriarcalismo nas relações familiares, etc. Na prática, ainda é a
maioria, as mulheres subjugadas (maus tratos, mutilações, escravidão,
prostituição, etc.) no mundo.
Em
1949, há 62 anos atrás, Simone de Beauvoir escreve implantando assunto
de debates, de resenhas, de artigos, de pesquisa científica, enfim, a
autora escreve almejando a libertação da mulher, não no sentido de
“diminuir” o homem numa esfera de competitividade; há a justificativa de
que existem sexos diferentes, sim, um segundo sexo, reconhecendo como
sujeito permanecendo em equilíbrio, onde é preciso que estabeleça as
relações no meio social.
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